Desde 2008, por meio da Lei 11.684/08, Filosofia e
Sociologia tornaram-se obrigatórias no currículo do ensino médio. Na prática é
um tempo muito curto, se analisado perante toda a história da educação
brasileira, para estas disciplinas possuírem grande influência nos currículos
escolares e, consequentemente, terem prioridade na preparação para o exame
nacional do ensino médio (Enem), que hoje é a porta de entrada para o ensino
superior e bolsas de estudos de graduação nacional e internacional. Porém, esta
aparência prática parece ser fundamentada em uma crença que não consegue
acompanhar a evolução do Enem, uma vez que estas disciplinas ganham espaço, ano
após ano, tanto no número de questões, que em 2012 representou mais de 31,1% da
prova de Ciência Humanas e suas Tecnologias, quanto na orientação geral da
elaboração do exame, que exige do candidato habilidades, competências e
conceitos comuns, principalmente, a Filosofia e a Sociologia.
A evidência ainda não
observada pela maioria dos candidatos, escolas e cursos preparatórios
(cursinhos) pode abrir vantagem para você na hora da resolução das provas: o
Enem está cada vez mais filosófico e atento as transformações sociais,
culturais e linguísticas recentes, que são constantemente exploradas e
refletidas desde os métodos próprios da Filosofia e Sociologia, que buscam
compreender, relacionar, refletir e procurar possíveis justificativas e
soluções para os fenômenos da realidade. Competências e habilidades mantidas e
ampliadas no edital do Enem 2013 e que podem ser observadas abaixo, no trecho
do edital comum a todas as áreas de conhecimento:
MATRIZ DE REFERÊNCIA
EIXOS COGNITIVOS
(comuns a todas as áreas de conhecimento)
I. Dominar
linguagens (DL): dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das
linguagens matemática, artística e científica e das línguas espanhola e
inglesa.
II. Compreender
fenômenos (CF): construir e aplicar conceitos das várias áreas do
conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos
histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações
artísticas.
III. Enfrentar situações-problema
(SP): selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações
representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar
situações-problema.
IV. Construir argumentação (CA):
relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos
disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente.
V. Elaborar propostas (EP):
recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de
propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores
humanos e considerando a diversidade sociocultural.
Fonte: Edital do Enem, Anexo II, p. 35
|
O quadro acima demonstra quais serão os eixos cognitivos
gerais das provas. Isto é equivalente a dizer: “a cara da prova”. E, a julgar
pelo edital deste ano e os últimos exames aplicados, as provas do Enem, não
somente do eixo Ciências Humanas e suas Tecnologias, terá uma “cara” ainda mais
sociofilosófica em 2013. Notem que os pontos em negrito da matriz de referência
acima são competências e habilidades desenvolvidas desde os conteúdos de
Filosofia e Sociologia. Dos cinco pontos de referência do edital, que serão aplicados
em todas as provas, quatro são dominados por estas disciplinas. Agora, responda:
Por qual razão você não as estuda para o
Enem?
Essa estratégia de mudança do perfil da educação
brasileira, impulsionada pelo Enem, é o caminho não visto pela maioria dos
candidatos, escolas e cursinhos, que o Ministério da Educação (MEC) pretende
seguir para solucionar os problemas implícitos ao nosso modelo educacional e
fomentar o desenvolvimento nacional. A tendência, portanto, é de conseguirem
maiores índices no Enem os candidatos que estudarem Filosofia e Sociologia.
No exame de 2012, ocorreu o esperado: as escolas de São
Paulo e Minas Gerais preencheram boa parte das primeiras posições, e seus
estudantes, evidentemente, ocuparam as melhores universidades e cursos. Isso
ocorreu não por uma mágica, e sim, por um bom planejamento escolar para
enfrentar o Enem. As escolas de Minas sempre aparecem na lista dos primeiros
lugares, uma vez que o extinto vestibular da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG), desde 2007, aplicava uma prova de Filosofia para os candidatos
aos cursos de Direito e Filosofia, obrigando as escolas a priorizarem esta
disciplina. Já as escolas de São Paulo dividem os primeiros lugares com Minas,
dominando mais posições, pois adotaram um modelo de ensino que tenta acompanhar
a evolução do Enem. Vejamos o exemplo da Secretaria de Educação do Estado de
São Paulo (SEE-SP), que no ano retrasado, ao considerar a exponencial evolução
do Enem, não perdeu tempo e fez uso de suas atribuições, ampliando, através da
Resolução nº 81/2011, o número de aulas de Filosofia e Sociologia no ensino
médio. Observe o quadro abaixo, que foi montado com as informações das
resoluções publicadas em Diário Oficial pela SEE-SP:
Séries/nº de aulas por semana
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2009 - 2011
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A partir de 2012
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1º
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2º
|
3º
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1º
|
2º
|
3º
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O que muda
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Filosofia
(matutino)
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2
|
1
|
1
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2
|
2
|
2
|
Amplia uma
aula/semana nos dois últimos anos
|
Filosofia
(noturno)
|
2
|
1
|
1
|
1
|
2
|
2
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Diminui uma
aula/semana no 1º ano, mas amplia nos dois últimos
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Sociologia
(matutino)
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1
|
1
|
1
|
2
|
2
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2
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Amplia uma
aula/semana nos três anos
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Sociologia
(noturno)
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1
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1
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1
|
2
|
1
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2
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Amplia uma
aula/semana no 1º e no 2º ano
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Todos esses aspectos descrevem a importância de estudar
Filosofia e Sociologia para garantir um alto índice de rendimento no Enem.
Portanto, confira no quadro abaixo os conteúdos que mais aparecem nas provas do
exame. Bons estudos!
§ Filosofia moderna: Maquiavel (suas concepções no campo da política), Thomas Hobbes, John Locke, Jean-Jacques Rousseau (estado de natureza, contrato social e estado de sociedade para
cada um) e Immanuel Kant;
§ Sociologia: Movimentos sociais, socialização, surgimento das instituições, questão da cultura, estratificação da sociedade, papel social da educação, pobreza e desenvolvimento, e clássicos:
Auguste Comte (visão ao positivismo), Karl Marx e Jürgen Habermas.
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